Acabaste de delirar, agora aguenta-te, já ninguém te vai salvar. A partir do título do Blog concluímos que se trata de algo bastante produtivo, munido de características que acabarão por fazer dele um Bom Blog. No fim de tudo apercebemo-nos que afinal o Blog é mesmo mau. Preparem as facas e os xisactos, é o delírio.

domingo, 29 de novembro de 2009

Run After Me or Let Me Die Of Shame

E lá estava Ele, como sempre, deitado mais ou menos confortável, observando o tempo a passar e a vida a acontecer.
De mansinho, Ela passa, destemida, insinuando-se, vaidosa, confiante, à sua frente, fazendo-se notar, passeando de um lado para o outro, tentando-o. Ou tentando.
Noutros tempos, teria corrido atrás dela, agarrado aquele corpo, rasgado aquela roupa com avidez, havia de segurá-la entre entre os dentes e mordê-la, até a sacudir.
Noutros tempos, tê-la-ia perseguido, alcançado; teria satisfeito o seu desejo. Noutros tempos, sim, agora não.
Estava velho e cansado, já o havia feito muitas vezes, já não lhe dava a pica que dava no início, já não era uma relação de predador-presa, em que a fome e vontade do comer se juntavam ao prato mais apetecível e, ao rubro, o faziam esquecer tudo o resto, só importando Ela e apanhá-la e possuí-la e tê-la. Agora é só uma corrida cuja meta não é assim tão importante de alcançar e, portanto, não vale a pena o esforço.
Ela retrai-se. Com o orgulho ferido, mas mantendo a mesma pose, retira-se. Tinha passado tanto tempo a preparar-se e Ele nem reparou. A partir dali, nunca mais o procuraria.
E lá ficou o cão, a observar a gata vaidosa na sua retirada calma - noutros tempos aquilo não teria acontecido, agora não valia a pena cansar-se: o dono estava quase a chegar, aí dar-lhe-á comida que sabe estar quieta.

...
I wanna runaway, never say goodbye, I wanna know the truth, instead I'm wondering why...


Considerações da pessoa (?) que escreve (?):

É possível deixar de se gostar de fazer uma coisa da qual se gosta muito, somente porque já se fez muitas vezes, durante muito tempo?
A pessoa (?) que escreve (?) pensa que sim. Contudo, acha que não.
Alguém sábio uma vez disse que quando se gosta muito de alguma coisa, nunca se farta.
Pois. Exacto.


Epah, delirou.

domingo, 15 de novembro de 2009

Take Me Serious or Take Me Down

Ela amava-o demais e aquele sentimento começava a consumi-la.
A toda a hora, minuto, segundo, milésimo dele, nano ele, Ela se perguntava o que andaria Ele a fazer, com quem, se olhava para alguém, se alguém lhe tocava, ... e questionava-se o por que razão não lhe dizia Ele nada.
Ele estava diferente, Ela sentia-o, e dia houve em que o confrontou com tal sentimento.
- É verdade, tu já não estás igual, sinto-te cada vez mais longe.
- O quê... Agora nem temos discutido, quando estamos juntos estamos sempre bem.
- Nem temos falado! Como queres tu discutir? Não, eu não sinto falta de discutir contigo mas sinto a tua falta... Já não queres saber de mim?
- Estás a ficar paranóica, começo a ficar um bocado farto disso.
- Estou só a dizer-te o que sinto. Se guardo para mim, faço mal, digo e sou paranóica...
- É verdade! Tu agora estás sempre a arranjar problemas, a ver coisas onde elas não existem.
- Tu estás diferente! Distante...
- Paranóica.
- Muito bem, não queres que me importe, é? Eu não me importo, não quero saber, fala comigo como quiseres, quando quiseres, se quiseres.

Eu sei muito bem aquilo que sinto, mas se não queres que me importe... Okay. Estás a criar um monstro, ela pensava, enquanto saía dali para fora. Precisava de apanhar ar.
Ligou à melhor amiga, ela iria com certeza ouvi-la e fazê-la rir um bocado, bem precisava. Não atendeu.
E agora? Que é que eu vou fazer agora? O que é que faz alguém que não se importa?
Encontrou refúgio em em casa, no quarto, ao escuro, deitada na cama, ao som de trance até que conseguiu desligar-se de tudo, atingindo um estado de quase transe. Era inexplicável o estado em que tinha ficado depois daquela conversa e agora ali, sozinha, não sentia absolutamente nada. Nada.

O telefone toca, era Ele.
- Sim?
- Eu não te queria fazer sentir mal, mas tens que compreender, tenho-me sentido pressionado, andas a exigir demais de mim, esperas que eu esteja sempre colado a ti, sempre a falar contigo, esperas constantes demonstrações de carinho, e eu não tenho estado à altura das tuas expectativas, mas... É porque elas são muito altas. E tens-me feito sentir um bocado frustrado.
- Paranóica, exigente e faço-te sentir mal. Registado.
- Oh... Não sejas assim... Eu não estou a dizer nada de mal, é só para que percebas...
- Tudo bem, não te preocupes, eu vou baixar a minha fasquia. Não esperes é que eu esteja lá sempre que te apetecer.
- Porque é que estás a ser assim?
- Não estou a dizer nada de mal, é só para que percebas... O meu lado também.
- Não, estás a falar comigo como se te fosse indiferente.
- E é.
- E é?
- Não é o que queres? Que eu não me importe, que não espere, que não exija? Eu não quero saber.
- Não queres saber de mim?
- Quero. Não quero é saber daquilo que fazes, não tenho ciúmes e é-me indiferente falar contigo secamente ou não. Não me vou importar, não vou sentir.
- Logo, não queres saber de mim.
- Mau, afinal o que é que queres?
- Que tenhas um meio-termo.
- Pois não tenho.
- Para ti as coisas são ou pretas ou brancas.
- Sim.
- Vale a pena isto tudo?
- Mas tudo, o quê, amor? Há algum problema? Eu já disse que te não vou mais chatear com as minhas paranóias, que mais queres?
- Está bem.
- Ainda bem que chegámos a um consenso. Agora tenho que desligar, vou tomar banho e despachar-me para ir ao cinema.
- Vais ao cinema?
- Sim.
- Com quem? Pode-se saber?
- Claro, com uma amiga. Beijinho, amo-te.
- Adeus...
Pi pi pi
Eu não quero saber, eu não quero saber, eu não quero saber... Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaarghhhhh. Vou sair.

Deambulando pela cidade, olhando para tudo, vendo nada, vai dar à estação de comboios.
Está na altura de mudar de vida...
Pega no telemóvel e liga-lhe.
- Tu tornaste-te em alguém que eu não conheço, diz o que quiseres, mas tu já não és o mesmo.
- Outra vez? Pensei que não quisesses saber.
- E não quero. Liguei só para me despedir.
- Despedir? Vais acabar comigo?
- Vou-me embora.
- Embora para onde?
- Não sei. Mas vou no próximo comboio.
- Estás a ser dramática. Essa chantagem não vai levar a lado nenhum.
- Paranóica, exigente, má e agora também dramática e chantagista. Afinal por que andas tu comigo?
- Oh... Olha, já me estás a chatear.
- É a última vez, nunca mais te vou chatear. Prometo.
- Pára lá com essa conversa...
- Está na altura de mudar de vida... Amei-te, amo-te e amar-te-ei até ao fim desta vida.
- Eu também te amo... Vamos parar com isto. Diz-me onde estás, eu vou aí buscar-te e falamos com calma.
- Não... Está na altura de mudar de vida... Estou farta desta. Está tudo bem, eu não quero saber.
- Pára com isso, diz-me onde estás.
- Sê feliz. Adeus.
- S...
Pi pi pi

O comboio estava a chegar, iria Ela em frente com a sua decisão?
Caminha em frente, o comboio aproxima-se e Ela caminha mais um pouco.
O comboio está mesmo a chegar e Ela salta para a linha.
Estou prestes a morrer e não quero saber. E tu? Importas-te?
Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii


PÉUM!
You need me less than I need you, take it from me...

Considerações da pessoa (?) que escreve (?):

A pessoa (?) que escreve (?) considera que o meio-termo nem sempre é fácil de alcançar. Ou se gosta ou não se gosta; ou se ama ou se odeia; ou se preocupa ou não se quer saber; ou se diz ou se está calado; ou batatas ou leite.
Onde é que estão definidos os limites da preocupação? O que é que diz que já se está a gostar demais? Quando é que sabemos que já ultrapassámos os limites que não foram por nós definidos? Como é que sabemos quando devemos parar, quando estamos a exagerar, se na nossa cabeça aquilo faz todo o sentido? Onde é que está a Maddie?
São perguntas difíceis de responder, cujas respostas não estão debaixo do nosso nariz, temos que procurá-las (a menos que estas jazam no seio da famíla McCann.).
Mas aquilo que se deve fazer é não seguir infantilidades, amuos de criança, e falar abertamente sobre as coisas, porque se incomoda a um, incomoda ao outro. E um tem que está disponível para ouvir o outro - não pode ser só ao contrário. Outra opção seria não despedir o Gonçalo Amaral.
E a morte nunca é solução para nada, ainda por cima assim, desta maneira imunda, ainda ia dar trabalho a outras pessoas, para apanhar os bocadinhos, provocar vómitos a umas, pesadelos a outras... Enfim, seria uma maçada. Esta Ela estava convencida que se se matasse iria ter uma nova vida.
Era avariadinha da cabeça, coitada.
Quanto a mim, enquanto não houverem dados científicos de que há de facto uma vida depois desta, e melhor, claro, quero continuar vivinha da Silva.
Pode ter momentos maus, mas tem outros tão bons.


Epah, delirou.